O mercado de EPI’s, no Brasil, está em constante evolução. A tecnologia do mercado calçadista, em especial, oferece uma gama de inovação essencial ao setor de Safety Shoes, e os calçados de segurança saíram da zona de obrigatório para item de consumo dos trabalhadores.
Um estudo realizado pela Fundacentro – fundação ligada ao Ministério da Economia especializada na pesquisa sobre segurança do trabalho – estima que, se forem incluídos também os trabalhadores informais e os autônomos, o Brasil registra média de 4 milhões de acidentados a cada ano.
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) registrou, em 2018, 595.237 acidentes de trabalho. Dentre afastamentos, indenizações e auxílios, o ano teve saldo de aproximadamente R$ 12 bilhões.
Até aqui falamos de números, mas a realidade é que o mercado de EPI’s trata de pessoas e vidas, permitindo que as indústrias continuem a produzir sem danos e preservando os colaboradores dessa cadeia tão essencial. De acordo com a Associação Nacional da Indústria de Material de Segurança e Proteção ao Trabalho (Animaseg), em nível global o setor gera negócios na ordem de US$ 43,3 trilhões. Somente no Brasil, o faturamento chega a R$ 10,3 bilhões, por uma indústria que emprega mais de 100 mil trabalhadores.
Brasil x Exterior:
Mesmo com tanto potencial, o Brasil ainda não se destaca como exportador no segmento de Safety Shoes, e esta é uma das bandeiras apoiadas pela Agência de Promoção às Exportações (Apex-Brasil), que desde 2012 mantém um projeto para a promoção do produto nacional para o mundo.
Desafios:
- Regulação dos produtos importados, que muitas vezes não atendem a legislação nacional e tem livre entrada no país.
- Apoio à produção nacional, favorecendo matérias-primas brasileiras e regulagem de preços aceitáveis.
- Aumentar a abrangência e fiscalização dos usos de EPI’s, assegurando maior parte dos trabalhadores, que hoje somam somente 25% do total de pessoas que deveriam usar equipamentos de segurança.
Panorama do setor:
Os maiores polos de produção de EPIs no Brasil estão localizados nas regiões Sul e Sudeste. Separados por segmento, temos:
- EPI luvas fatura R$ 3,4 bilhões. No País existem 482 empresas de luvas de segurança com 3.700 luvas certificadas.
- EPI vestimentas fatura R$ 2,9 bilhões. No País existem 614 empresas de vestimentas de segurança com 3.936 vestimentas certificadas. A produção total é de 25 milhões de unidades.
- Calçado segurança/Safety Shoes fatura R$ 2,1 bilhões. No País existem 181 empresas de calçados de segurança com 2.213 calçados certificados. A produção total é de 60 milhões de pares.
Mercado pelo Mundo:
Em Fevereiro, a Ansell, empresa centenária que se tornou um dos grandes produtores mundiais de soluções voltadas à segurança e proteção das pessoas, apresentou ao Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) o panorama e tendências em legislação para Equipamentos de Proteção Individual (EPI) na União Europeia (UE).
A apresentação ressaltou o que o mercado brasileiro já debate, que é a normatização única de segurança, garantindo assim regularização de mercado e negócios. “É um mercado muito desafiador, o ideal é que houvesse um padrão, uma norma comum aplicada no mundo inteiro em vez de se ter várias normas diferentes, algumas delas funcionando claramente como barreiras técnicas para a entrada de produtos nos mercados”, ponderou Guido Van Duren, Ex-presidente da Federação Europeia de Segurança (ESF).
Um aspecto bem positivo, elencado pelo painelista é que a maioria das regulamentações existentes em várias partes do mundo estão alinhadas com as normas estabelecidas pela Europa, onde os EPIs são classificados em três categorias, de acordo com o nível de proteção necessário contra os riscos oferecidos aos profissionais durante a realização do trabalho.
Categorias
Categoria 1 – O fabricante tem que mencionar também nas instruções que o produto deve ser usado somente na proteção de riscos mínimos.
Categoria 2 – A agência certificadora testa os produtos e compara a documentação técnica com os resultados dos testes. Se estiver tudo certo, o fabricante recebe o certificado e emite a Declaração de Conformidade.
Categoria 3 – Os produtos precisam vir acompanhados de documentação técnica emitida por um laboratório independente instalado na União Europeia. O laboratório recebe o produto do fabricante e realiza os testes para comprovar a veracidade do que o fabricante informa. Além disso, todo o ano é realizada uma auditoria na empresa com nova testagem do produto através da agência notificadora, que verifica se o sistema garante uma produção com a qualidade necessária.
Rastreamento
Outro ponto importante destacado por Duren é a rastreabilidade. Assim como já acontece em montadoras de veículos, por exemplo, a rastreabilidade permite acompanhar o ciclo de vida do EPI e facilita a identificação, aviso e manutenção de lotes em caso de recall, por exemplo. Vale lembrar que assim como no Brasil, na Europa o ciclo de validade de um EPI é de 5 anos, sendo esse o período para nova certificação de conformidade.
Transparência
Este tópico foi amplamente discutido, pois, o mercado brasileiro de produtos de segurança sofre com a falta de insumos na produção, e a transparência quanto a materiais e propriedades é o que mais afeta a indústria nacional.
O fabricante deve garantir que o EPI é seguro quanto às suas propriedades e que foi elaborado a partir de materiais também seguros, ou seja, além de preservar a integridade do trabalhador quanto aos riscos inerentes às profissões, não deve usar materiais que tenham em sua composição substâncias potencialmente nocivas à saúde do usuário. Mas se em algum dos componentes houver a presença de substância de uso restrito, ela deve estar de acordo com a legislação específica e o usuário ser alertado sobre a sua presença e os riscos que podem ser oferecidos. Tudo isso, com a comprovação de normas específicas para cada tipo de EPI.
Considerando que o ideal é se ter uma única orientação para notificar ou testar, reconhecida no mundo inteiro, embora isso não deva acontecer tão cedo, ele conta que a União Europeia está permanentemente em contato com outras federações de outros países, como a Animaseg do Brasil, sempre tentando construir uma abordagem uniforme para o setor de EPIs.
“A partir desses contatos, notamos que existem semelhanças nos processos, mas também diferenças muito importantes. Por isso é fundamental que se estabeleçam essas discussões, ainda mais em um momento de pandemia como este, em que as coisas estão mudando rapidamente”, contextualizou.
Responsabilidade compartilhada
Quando o assunto é responsabilidade, destaca-se toda a cadeia do mercado de EPI’s. No painel apresentado por Duren, reforçou-se a importância da união das indústrias e agregados do mercado de segurança do trabalho, isso porque, de nada adianta a fabricante seguir os processos à risca e entregar um produto certificado, se o transporte, comércio ou armazenamento em distribuidores não preservar o produto de forma adequada.
O importador também tem que garantir que o transporte e a armazenagem não ameaçam a conformidade daqueles EPIs.
BRASIL – No Brasil, quem regulamenta hoje é o Ministério da Economia, através da Secretaria do Trabalho, de onde partem as portarias e normativas tanto para a produção quanto para a testagem e emissão das autorizações de comercialização. A Norma Regulamentadora que define os parâmetros de segurança para os EPIs é a NR-06, que prevê, inclusive a responsabilidade de todas as partes – do empregador, do empregado e do fabricante do equipamento com comprovação das propriedades através de um laboratório credenciado.
Inovação
No início deste texto já mencionados que a indústria de EPI’s é referência em tecnologia e inovação, isso porque, estamos falamos de produtos usados por pessoas, e isso significa que além de garantir proteção, precisam ser confortáveis, práticos e – o mais discutido recentemente – bonitos para uso.
Comentamos em outros conteúdos aqui do blog sobre a importância do design dos produtos de segurança, em especial, os calçados de segurança. Safety Shoes é um segmento que está em expansão e hoje já vemos no mercado botas de segurança similares aos calçados sociais, com design de moda, conforto e maior aceitabilidade dos trabalhadores.
Estudos comprovam que o visual dos uniformes e EPI’s aumentam a chance de uso – ou rejeição – por parte dos usuários. A lógica é simples, ninguém quer se sentir desconfortável ou desarrumado, mesmo que durante o trabalho – ainda mais se tiver que sair na rua, pós expediente, usando os equipamentos de proteção.
Um bom exemplo disso, inclusive já produzido aqui na Polako, são os calçados de segurança com design de moda. As matrizes Safety Shoes, fabricadas por nós, podem ser personalizadas a tal ponto que um calçado de segurança se assemelhe ao calçado de moda, com design, conforto e sem perder sua função principal – proteger o trabalhador.
Isso só é possível através da tecnologia. Nosso parque fabril conta com máquinas Desma, tecnologia referência na produção de moldes para calçados no mundo todo. Além disso, corpo técnico especializado para cuidar de todos os detalhes dos projetos a nós submetidos, garantindo assim eficiência, melhor custo e assertividade de mercado.
Conheça mais sobre as matrizes Desma → https://polako.com.br/matriz-desma-safety-shoes/
Fonte: Adaptação Tecnicouro.